quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

"Só mais cinco minutinhos..."

A gente as vezes não vive tudo que é permitido viver por culpa, já reparou? Não come tudo o que tem vontade porque sente-se culpado pelo peso. Não compra aquele produto incrível que viu no shopping porque vai gastar muito. Não mata um dia de trabalho pra visitar a família noutra cidade porque vai deixar de produzir. Não faz muita palhaçada porque não te levarão a sério depois, e por aí vai...

É assustador perceber nessas pequenas coisas, como ainda somos reféns de uma cultura aprisionadora. Atentar a isso é evocar o medo que persiste em nossas vidas a séculos e séculos. Não se come tudo o que tem vontade porque é um pecado capital (GULA). Não compra aquele produto incrível que viu no shopping porque é consumismo de uma sociedade capitalista e burguesa. Não mata um dia de trabalho pra ir visitar a família noutra cidade porque SÓ o trabalho dignifica o homem. Não faz muita palhaçada porque é contra o manual do empreendedor de sucessos, e por aí vai...

Tá certo que numa rápida analise das minhas culpas, descobri uma que não é de todo o grave. E hoje até sei de onde ela vem. Me sinto culpado, diria até muito culpado, por dormir enquanto tenho vontade de dormir. Sempre pela manhã, acordo - querendo continuar dormindo - e penso que devo levantar e fazer o que tenho de fazer. E isso, meus caros, foi uma culpa que minha mãe (que tanto amo) me colocou nas costas. Desde pequeno ela já dizia que tinha de levantar cedo, mesmo que fosse para não fazer nada. E assim o fazia. E assim o faço.

Aliás, este assunto me deu sono... vou dormir. Mas só um poquinho. Até o amanhecer. Porque quando o galo cantar, ouvirei a voz da minha mãe ecoando em minha cabeça e só levantando estarei desligando o despertador que toca desesperadamente na minha mente. Mas antes de eu ir, me diga: qual é a sua culpa?!